Como focar no essencial quando lhe pedem favores o tempo todo
- daiseibert
- 2 de abr. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 16 de out. de 2023
Sabe aquela pessoa que aceita fazer favores e tarefas pra todo mundo e mais um pouco e seu dia fica totalmente preenchido por esses afazeres, na maior parte pros outros, e no final do dia ela se pergunta "que diabos fiz o dia todo?" Então, essa fui eu por muito tempo.
Mas é impensável recusar um favor de fulano! Ah, pode deixar que eu faço pra ti. Nossa, estou atropelada de afazeres, mas não posso deixar ciclano na mão. Aaahhh! Só de pensar nesse tempo, já estou cansada. Mas até bem pouco tempo era esse meu dilema diário. Você também passa por isso, aspirante essencialista?
"Aprenda a dizer não!" "Priorize os próprios objetivos!" São exemplos de conselhos não solicitados e, ainda por cima, rasos, que não funcionam e ainda causam raiva. Na minha opinião, sabemos dizer não, mas o que mais nos deixa agoniado não é saber dizer o tão renomado ‘não’ pra aquele familiar que nos enche de pedidos ou pro colega do trabalho fazendo carinha de 'pidão'.
A verdade é que temos medo do que vão pensar de nós se começarmos a dizer não pros favores que até hoje dissemos sim. Temos medo de perder o afeto, o carinho, a amizade daquela pessoa caso tenhamos que usar o não. O que meu colega vai pensar se eu recusar ajudá-lo, será que vai reclamar com o chefe que sou um mau funcionário e eu serei notificado? O que meu vizinho vai pensar de mim se eu disser que não posso mais cortar a grama do seu quintal porque não dou conta nem de cortar o meu? Será que alguém liga se tenho 306 tarefas anotadas para realizar ao longo do dia e não tenho capacidade física, mental nem cronológica de realizar 3% delas!? Imagine, então, a pessoa que nem sequer possui uma lista de afazeres, que gasta energia mental pra memorizar tudo e ainda se culpa quando esquece de tirar o lixo do seu escritório.
Viver o essencial
A pessoa não essencialista acha que quase tudo é essencial, ele enxerga as oportunidades como praticamente iguais. Já o essencialista sabe que quase tudo é não essencial e distingue as poucas oportunidades vitais das muitas triviais.

Parte dos problemas é por não dizermos não com mais frequência, e por não termos claro em nossa mente o que é realmente importante pra nós. Qual meu propósito? Ou nem precisa ser algo tão profundo assim, pode ser mais como 'o que eu quero pra mim agora? ...essa semana? ... esse mês...'. E aos poucos vamos elaborando melhor esse tão falado propósito de vida. Gosto de pensar que: mesmo que eu não saiba meu grande propósito de vida, pelo menos não me acumulo de tarefas com despropósito total.
Observe a pergunta que Greg McKeown, no livro Essencialismo, faz para um executivo bastante motivado e que se tornou hiperativo e obcecado em aprender tudo e fazer tudo:
O que aconteceria se conseguíssemos identificar uma única coisa que você poderia fazer para dar sua contribuição máxima? Mesmo pessoas muito inteligentes possuem dificuldade em responder essa pergunta. A conclusão foi que, na atual sociedade, somos punidos pelo bom comportamento (dizer não) e recompensados pelo mau comportamento (dizer sim). Quando dizemos não, logo de imediato pode ser que não seremos bem vistos por essa decisão. Quando dizemos sim quase somos aplaudidos, numa espécie de festejo heroico.
Uma das causas mais provadas de dizermos tão pouco não é a ideia de que "podemos ter tudo". Segundo o Greg McKeown, esse mito já foi pregado por tanto tempo que praticamente todo mundo que está vivo já foi contaminado por ele. O resultado é gente estressada que tenta encaixar mais atividades ainda numa vida já tão sobrecarregada. Até o termo prioridade perdeu o sentido, uma vez que prioridade significa primeiríssima coisa, a única importante. Hoje em dia ouvimos com certa frequência alguém falando em prioridades - note o s- como se fosse possível ter mais de uma coisa como prioridade. Como é o caso das promessas de ano novo e as listinhas de 10 ou mesmo 5 prioridades ao longo do ano... Prioridade é singular, é uma coisa, não múltiplas.
Pois bem, já sabemos que temos que dizer não mais vezes. No entanto, não basta sair dizendo não aleatoriamente; é preciso eliminar, de forma intencional, deliberada e estratégica, o que não é essencial e isso significa, também, não aproveitar de algumas ‘ótimas oportunidades’. Pra dizer não precisamos saber pra que estamos dizendo sim e qual sim esse mesmo não representa. Ficou difícil de entender essa ideia? Basicamente é: se você dizer não pra alguém, significa que o tempo que levaria fazendo algo pra essa pessoa pode ser usado pra algo que você muito quer, no caso, o seu sim. O seu sim é o propósito que você tem, ou uma meta, um objetivo, aquela coisa que você quer fazer porque VOCÊ quer, e não porque é um favor que alguém pediu. Lembrando que o SEU sim não é dizer sim pros outros, ok? As pressões sociais nos puxam em mil direções, devemos aprender a reduzir, simplificar e focalizar naquela direção essencial e eliminar todo o resto.
Voltando à ideia lá do início do post, de que temos medo do que vão pensar de nós se começarmos a dizer não, ela só pode ser mantida quando não temos definido nosso propósito e muito menos acreditamos que podemos concretizá-lo. Ou seja, não acreditamos em nós mesmos e fazer favores pra todo mundo acaba, até, sendo uma fuga temporária (na maioria das vezes inconsciente) dos próprios problemas de falta de direção. A opinião dos outros só tem peso na nossa vida quando não sabemos o que estamos fazendo nessa existência e não acreditamos que somos prioridade.
Realmente espero que esse blog possa lhe ajudar de alguma forma a encontrar o seu sim e, também, ajudar com os nãos que temos que distribuir por aí.
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